(...) ela debruçada à janela para acompanhar quem passava, via-lhe o vestido subitamente repuxado, mostrando-lhe até à metade das coxas alvas. Quando ela se lhe sentava aos pés, junto da poltrona, e pelo corte do decote lhe surpreendia os seios palpitando sob a blusa frouxa. Quando, apenas de calcinhas e "soutien" sobre os tacões altos, via-a lavando no banheiro as pequeninas peças da sua roupa íntima. Quando ela saía do banho embrulhada no roupão, os pés metidos nas chinelinhas de couro vermelho, o cabelo arrepanhado no alto, gotejando água e exalando perfume. Quando chegava da rua com a bolsa de compras, ofegante do esforço e se lhe lançava nos braços, suada como estava, o colo úmido, com seu aroma doce e picante. Quando ela depilava as sobrancelhas e dava gritinhos diante do espelho. Quando passava o mindinho pelos lábios para uniformizar o batom. Quando estalava o elástico das ligas nas coxas, para estirar as meias de seda. Quando, toda curvada sobre si mesma, deitava esmalte vermelho-negro nas unhas dos dedos dos pés, e aquele cheiro enjoativo de banana descascada ficava adejando em torno dela, em ondas quentes, excitantes.

Quando...
Sempre, sempre.

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