(...) ela debruçada à janela para acompanhar
quem passava, via-lhe o vestido subitamente repuxado, mostrando-lhe até à
metade das coxas alvas. Quando ela se lhe sentava aos pés, junto da
poltrona, e pelo corte do decote lhe surpreendia os seios palpitando sob
a blusa frouxa. Quando, apenas de calcinhas e "soutien" sobre os tacões
altos, via-a lavando no banheiro as pequeninas peças da sua roupa íntima.
Quando ela saía do banho embrulhada no roupão, os pés metidos nas
chinelinhas de couro vermelho, o cabelo arrepanhado no alto, gotejando
água e exalando perfume. Quando chegava da rua com a bolsa de compras,
ofegante do esforço e se lhe lançava nos braços, suada como estava, o
colo úmido, com seu aroma doce e picante. Quando ela depilava as
sobrancelhas e dava gritinhos diante do espelho. Quando passava o
mindinho pelos lábios para uniformizar o batom. Quando estalava o
elástico das ligas nas coxas, para estirar as meias de seda. Quando,
toda curvada sobre si mesma, deitava esmalte vermelho-negro nas unhas
dos dedos dos pés, e aquele cheiro enjoativo de banana descascada ficava
adejando em torno dela, em ondas quentes, excitantes.
Quando...
Sempre, sempre.
Postado por
Paulynne Alves
segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
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