"É bom sentir isso, minha pequena poção de felicidade."

O cheiro de sua pele permanece em meus dedos, quase materializando a vontade que tenho do seu gosto em minha boca. Fundindo dois corpos que se querem sem pecado. Em constante êxtase.
Um movimento que é só nosso.

Meu coração suspira aliviado em saber que, sempre é tempo de se apaixonar.

"(...) a verdade é que eu sempre soube, o que eu gosto, é de lembrar sentindo."

Quero me consumir até o final.

Vamos nos unir (pê)los!
Nos entornar prazer.

"(...) te pegar pela cintura e levar a dançar no ritmo do meu corpo."

Todos aqueles segundos gravados em nossa retina.



      Paulynne Alves


Dias de chuva me lembram nossa promessa de “eu te amo demais pra te deixar ir embora.”
Dias de sol, dias estrelados, dias felizez, dias.
Penso em você, sempre que me resta tempo.

Sobre o tempo, sempre o tenho.
Se for por você, mais tempo ainda.
Tempo que não se calcula em relógio.

Te vejo vindo em minha direção,  com a ponta do nariz manchado de tinta.
Azul anil.
Que desastre encantador!
Seu cabelo, precisamente nesse instante, tem todos os raios de luz navegando dentre cada fio.
Iluminam sua fronte.
Detalhes tortos e falhos, se unem e formam o fulgurante rosto que esplandece.
Salientando uma genuinidade, que não existe.

Eu te sinto.
Sinto o conforto e agasalho-me de sentimentalidades.

Suspiro.

Por instantes me perguntam o que foi.
É! O que foi?

Não preciso falar...
Olhe meus olhos. Consegue se ver?
Se depare na delicadeza de um simples sorriso extasiado pro mundo.

Dizem que olhos – raros – logram sorrisos.
Se é verdade, não são sorrisos.
São fragmentos de você.

Me fizestes luz.
Inerente.
E eu te amo.

Agora.

Queria estar no Rio de Janeiro, sentada na areia quente de final de tarde, tragando paz, rindo até a barriga doer, enquanto falo das bobagens da vida pra um estranho qualquer. 
Ou pra você.
Suspirar bem fundo... e sentir o cheiro bom de viver.

Se é isso que eu quero da vida?
Da vida é muita coisa. 
Isso aí pra mim seria suficiente agora, e amanhã eu pensaria no resto.

     Paulynne Alves

“Vinha andando pela rua, coberta de pedras desconexas, guardando todo e qualquer paradoxo histórico."

O sol já não aquecia os corpos, somente à alma.

Da cadeira de balanço feita de madeira, admiro uma arte viva.
Uma moldura que é a janela de um enorme quarto branco.
Vazio de objetos.
Cheio de conteúdo.

Te chamarei Rubí.
É, Rubí!
Continue sendo a graça de todas os finais de tardes.
Pra mim e para aquele que vive à apreciar a moldura através da janela.
Afinal, quem nunca amou à arte?


olhai-vos.

Prosa

Eu vou pro Rio de Janeiro.
Sentar no arpoador e meditar.

Eu vou pitar um cigarro com um gari e vou andar de bicicleta na orla inteira.
Do leme ao pontal.
Eu vou cantar Tim Maia e vou invocar o Cazuza.
É isso que eu vou fazer.

- E depois?

- Depois eu não sei, eu não penso no depois.
Eu nem quero pensar no depois.
Depois é... sei lá, eu acho que a gente tem que viver uma semana de cada vez.
Vive uma semana, a outra você vê.
E vai vivendo.

Planejar coisas a longo prazo pra quem tem urgência, não funciona.
Tem que matar sua sede, e não ficar com sede.
Não existe isso de: “eu vou acumular sede e depois eu vou beber água.”
Não!

E vou entornar a água quando eu estiver com sede.

E quando a gente tá com sede? O tempo inteiro!
O tempo inteiro a gente tem sede de... tudo.

E essa é a magia da coisa.

Você entende o que eu tô falando. 




                                                             
                                                                                            Paulynne Alves & Lucas Simões 

A gente tá flutuando em uma onda específica que é estritamente nossa.

Eu não sei...
É muito, muito louco!
É metafísico.

Você pode passar por todas as barreiras.
Na verdade, nem existe barreiras.

É reta livre, irmão.
É direto, é uma estrada...
É louco, velho.

- Ela é sua vida?
- É minha vida.

Mas a minha vida, ela também existe.
E é um conflito.
Porque eu quero viver, mesmo sem ela.
E eu vou viver.

Vou viver pra caralho!
Vou trepar pra caralho!
Eu vou fazer a revolução.

Eu vou mudar o mundo.
Eu vou escrever um livro.
E vou grafitar a cidade.

Não importa o que que vai ser, como é que vai ser, no que vai dar.
Porém, entretanto, todavia.

Não importa!
Importa é continuar.
É acelerar, sempre.
Não tem essa de... 
parar.

de.

Quando eu falo, falo mesmo, assim, falando.
Sem escrever, sem gesticular.
Só falo, como eu tô falando agora.
Tenho  a sensação de que as coisas vão embora. 
Aquelas que estão dentro de mim.

É bem parecido com escrever, mas escrever ainda é uma atitude pensada.
Você pensa as palavras.

Isso aqui é natural.
É a pedra bruta do negócio.

Você simplesmente coloca pra fora. 
Literalmente!
Se esvazia.
Vomita.

Que amor sobrevive sem sacanagem?
Glória Menezes e Tarcísio Meira?

Não.
Eles devem transar pra caralho.

A vida tem que existir por ela mesma, sabe? 
Com os inícios, meios e os fins, desatando os próprios nós.

Não adianta a gente querer embarcar em destino.
“Ai, o meu destino.”

O destino é a puta que te pariu!
Não existe isso.

Existe o caminho.
Só acredito no caminho.
Nele.

- Qual é o caminho?

- É o que você escolhe.

(...)

Eu quero é ser feliz, só quero ser feliz.
De todas as formas e alternativas que eu puder.

Nesse momento, agora, aprendi que tem que se viver com multiplicidade de coisas.
Não adianta você querer traçar.
Eu não consigo ser assim. 
Traçar um negócio.

Eu amo desesperadamente uma pessoa e fico com ela ou eu esqueço e vou embora e vivo minha vida.

O amor existe por conta própria.
Individual.
Intransferível.

Você não mata, você não destrói, você só... transforma.
Ele vai estar dentro de você independente do que você fizer em outros lados.

Singelo

Quero mais.

Você.
Muito mais.
Com você.

                    Paulynne Alves

O terceiro ato - Paulynne Alves

Depois de seis longos meses voltei a Catânia.
Desde o começo sabia que partiria, não é?
Eu sei, eu também sabia.

Você me conhece, pequena.
Sempre soube que eu procuraria em todo e qualquer canto algum pedaço de você.
E vamos combinar, nada mais clichê que um frasco de perfume.
Afinal, é o que eu sempre quis.
Você em um frasco.
Algo que eu pudesse guardar e sentir quando eu quisesse.

Não sossegaria até encontrar.
E acredite, eu encontrei.
Aqui mesmo, em uma loja de coisa barata.
Escondido no meio de outros muitos perfumes.

Nesses seis meses virei especialista em cheiros.

Você sempre foi mais esperta que eu.
O perfume não tem nome, marca ou qualquer outra coisa que alguém poderia identificar.
Como você.

Um frasco azul, pequeno, delicado, só não tem seus longos cabelos loiros.
Que seja, tem o seu sexo, todo, contido e guardado pra mim.

Consigo escutar Battisti tocando ao fundo.
E por instantes revivo todos os momentos concupiscentes que vivemos naquele quarto.
Feito dois animais no mais alto nível de selvageria.

Eu vendi o sobrado e levei comigo nada que fosse tangível.
Hoje volto com grande parte de você.

Falta pouco, muito pouco.
Eu não sossegarei.

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