(...) um quarto em um canto qualquer da
Sentada na janela, com os cabelos úmidos do esforço do prazer.
Nua, totalmente exposta a luz do sol e dos carros que lá embaixo passavam.
Os fleches de luz atravessavam seus cabelos loiros, presos por um coque.
Aqueles feito pelo próprio cabelo, que deixam à mostra, a nuca.
Aqueles feito pelo próprio cabelo, que deixam à mostra, a nuca.
Adoro nucas, principalmente a sua.
Seu perfume incendiava o resto do quarto, como nossa paixão.
Ela gostava de sentar na janela após o sexo, sempre com o seu livro de poesias de um autor italiano na mão.
A cada frase que recitava, eu a via, em seus olhos de sonhadora e naquela boca entreaberta.
A mistura da imagem do pecado carnal, com um anjo nu, tocando sua harpa.
Uma
boca que exalava o melhor dos gozos e que gradualmente soltava a fumaça
de um cigarro barato como se fosse a coisa mais prazerosa da vida.
Depois de longas tragadas, me olhava e oferecia.
Ela sabia que eu não gostava, mas sempre me perguntava.
Após
eu dizer com o olhar que não, ela se virava de costas e eu ficava ali,
por um longo tempo, só admirando suas costas despidas.
A cicatriz de quando caiu de bicicleta aos 5 anos, cada pinta daquele corpo, daquela pele branca e macia.
Eu queria saltar da cama e pega-la entre meus braços e deflorar aquele corpo, mais uma vez.
Aquele corpo que era meu, que transformávamos em um só.
Mas eu não possuía forças pra mais nada.
Queria ficar na solidão, na quietude, em um remanso, apenas olhando...
Queria ficar na solidão, na quietude, em um remanso, apenas olhando...
Depois de um tempo, após terminar a leitura, ela voltava pra cama.
A cama desarrumada, com o cheiro do nosso sexo.
Nosso.
Deitava no meu peito e suspirava.
Como se estivéssemos em coma, por mais muitas horas, só ouvindo as batidas dos corações.
Sem falar nada, apenas sentindo.
Sem falar nada, apenas sentindo.
Com o passar do tempo o silêncio se tornava tortura, e tocar sua pele era irresistível.
Beijei cada parte, cada pequena parte, tentando descobrir algo de novo.
E
em meio a espasmos e gemidos eu descobri, descobri que em cada pequeno
segundo daquele momento eterno, eu a amava cada vez mais.E assim o ritual das tardes de Outubro continuavam.