Prosa

Eu vou pro Rio de Janeiro.
Sentar no arpoador e meditar.

Eu vou pitar um cigarro com um gari e vou andar de bicicleta na orla inteira.
Do leme ao pontal.
Eu vou cantar Tim Maia e vou invocar o Cazuza.
É isso que eu vou fazer.

- E depois?

- Depois eu não sei, eu não penso no depois.
Eu nem quero pensar no depois.
Depois é... sei lá, eu acho que a gente tem que viver uma semana de cada vez.
Vive uma semana, a outra você vê.
E vai vivendo.

Planejar coisas a longo prazo pra quem tem urgência, não funciona.
Tem que matar sua sede, e não ficar com sede.
Não existe isso de: “eu vou acumular sede e depois eu vou beber água.”
Não!

E vou entornar a água quando eu estiver com sede.

E quando a gente tá com sede? O tempo inteiro!
O tempo inteiro a gente tem sede de... tudo.

E essa é a magia da coisa.

Você entende o que eu tô falando. 




                                                             
                                                                                            Paulynne Alves & Lucas Simões 

A gente tá flutuando em uma onda específica que é estritamente nossa.

Eu não sei...
É muito, muito louco!
É metafísico.

Você pode passar por todas as barreiras.
Na verdade, nem existe barreiras.

É reta livre, irmão.
É direto, é uma estrada...
É louco, velho.

- Ela é sua vida?
- É minha vida.

Mas a minha vida, ela também existe.
E é um conflito.
Porque eu quero viver, mesmo sem ela.
E eu vou viver.

Vou viver pra caralho!
Vou trepar pra caralho!
Eu vou fazer a revolução.

Eu vou mudar o mundo.
Eu vou escrever um livro.
E vou grafitar a cidade.

Não importa o que que vai ser, como é que vai ser, no que vai dar.
Porém, entretanto, todavia.

Não importa!
Importa é continuar.
É acelerar, sempre.
Não tem essa de... 
parar.

de.

Quando eu falo, falo mesmo, assim, falando.
Sem escrever, sem gesticular.
Só falo, como eu tô falando agora.
Tenho  a sensação de que as coisas vão embora. 
Aquelas que estão dentro de mim.

É bem parecido com escrever, mas escrever ainda é uma atitude pensada.
Você pensa as palavras.

Isso aqui é natural.
É a pedra bruta do negócio.

Você simplesmente coloca pra fora. 
Literalmente!
Se esvazia.
Vomita.

Que amor sobrevive sem sacanagem?
Glória Menezes e Tarcísio Meira?

Não.
Eles devem transar pra caralho.

A vida tem que existir por ela mesma, sabe? 
Com os inícios, meios e os fins, desatando os próprios nós.

Não adianta a gente querer embarcar em destino.
“Ai, o meu destino.”

O destino é a puta que te pariu!
Não existe isso.

Existe o caminho.
Só acredito no caminho.
Nele.

- Qual é o caminho?

- É o que você escolhe.

(...)

Eu quero é ser feliz, só quero ser feliz.
De todas as formas e alternativas que eu puder.

Nesse momento, agora, aprendi que tem que se viver com multiplicidade de coisas.
Não adianta você querer traçar.
Eu não consigo ser assim. 
Traçar um negócio.

Eu amo desesperadamente uma pessoa e fico com ela ou eu esqueço e vou embora e vivo minha vida.

O amor existe por conta própria.
Individual.
Intransferível.

Você não mata, você não destrói, você só... transforma.
Ele vai estar dentro de você independente do que você fizer em outros lados.

Singelo

Quero mais.

Você.
Muito mais.
Com você.

                    Paulynne Alves

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